Cristo crucificado na religião verdadeira

Cristo crucificado na religião verdadeira

Pe. Françoá Costa

Sinceramente, não estou nada convencido de que se eu apenas anunciar a paz e a fraternidade, eu estarei realmente fazendo a vontade de Deus como cristão católico. Esse discurso seria o desejo de um Adolf von Harnack, historiador alemão do início do século passado, e de tantas outras pessoas, que queriam uma religião universal e, para tanto, disseram que bastaria pregar a paternidade de Deus e a fraternidade entre os homens. O mito da religião universal como fruto de recolher o politicamente correto de cada religião é o mesmo que retirar a religião da sociedade, cuja finalidade última nem é em primeiro lugar a religião, pois os que eles querem mesmo é uma “sociedade sem Deus”.

Uma religião para todos só pode ser o cristianismo. É preciso continuar a converter as pessoas para Jesus Cristo, para a Igreja Católica, por mais que não queiramos mais chamar isso de “proselitismo”. Temos que ir à essência: pregar Jesus Cristo, e este crucificado (cf. 1 Cor 1,23): aí está a essência do cristianismo. Não à toa, o mesmo Apóstolo fala que a maior oração do cristianismo, o sacrifício da Missa, é mistério de morte: “todas as vezes, pois, que comeis deste pão e bebeis desse cálice, anunciais a morte do Senhor até que ele venha” (1 Cor 11,26).

Aprendamos do nosso Mestre, que mesmo diante de dificuldades grandes com os judeus, disse a verdade. Os judeus da época não só não aguentaram a força da verdade, mas “apanharam pedras para atirar nele; Jesus, porém, ocultou-se e saiu do Templo” (Jo 8,59). A cruz começa a resplandecer cada vez mais na vida de Jesus e deve resplandecer também na nossa.

Portanto, despojar a Católica do Crucificado e viver uma Missa que não apareça como sacrifício, é ser infiel ao Evangelho. Pregações sobre paz e fraternidade devem ser feitas, mas se não encontramos essa paz na Cruz, essa fraternidade no nosso irmão mais velho, Jesus Cristo, então essa pregação servirá como instrumento para construir a religião universal, mas contribuirá também para uma sociedade sem Deus, apenas com a paz dos homens e a fraternidade mal fundada apenas no horizonte humano. Desta maneira, não se chegaria à feliz Ressurreição! E, como diz aquele Apóstolo tão de Cristo: sem o Mistério da Paixão e Morte de Jesus Cristo, “vazia é a nossa fé. (...) ilusória é a vossa fé; ainda estais em vossos pecados. (...) somos os mais dignos de compaixão de todos os homens” (1 Cor 15,14-19).

Por amor a Deus, não tenha complexo de inferioridade! Ao contrário, tenha os olhos fixos em Jesus Cristo, não nessa ilusão que chamam Jesus, mas... qual Jesus? O nosso Jesus Cristo é aquele que a Igreja Católica nos transmite fidelissimamente, apesar da fraqueza dos seus filhos, e isso há mais de dois milênios!

“Memento mori!” – dizem os filhos espirituais de São Bruno com certa frequência. Esses homens estão certos! Se a religião não responder ao problema da morte, que tanto angustia o ser humano desde a sua loucura original, ela não passa de uma ideologia a falar de amor e paz, de vida melhor neste aquém, de bondade e misericórdia, e da lei moral excelsa do amor. Participar da vida de Cristo na Santa Igreja Católica é ir à raiz do problema e encontrar a solução no Mistério de Morte e Ressurreição do Filho de Deus.